Depois de uma rápida releitura de "O Homem que Calculava", me voltei para a última crônica pendente em "Os funerais de Mamãe Grande", crônica essa que era justamente a razão do título. Não me faltam coisas pra ler, fazer ou estudar, mas meu costumeiro gosto pela desordem acaba permitindo que recomendações como "Harry Potter" e "A Décima Profecia" comecem a gozar de uma mensurável película de poeira na estante.

Descontente com as alternativas na prateleira de meu quarto, fui consultar a estante da sala, sem propósito definido. Passei batido (como de costume) pelos menos aprazíveis "Váriáveis Complexas", "Macroeconomia" e "Transformadas de Laplace". Descartei também pérolas do misticismo como "O Anjo Guardião", "A Cabala" e "Projeções de Consciência".

Pensei em voltar para o quarto, quem sabe reler o "Asas Partidas" do Gibran, ou tentar de novo com "Fragmentos de um ensinamento desconhecido" de um tal de Ouspensky, mas falando sobre sua expêriencia com Gurdjieff. Meu atual envolvimento com implicações me fez correr de ambos, fechando o zigue-zague na poltrona da sala, com "Estrela da Vida Inteira" em mãos.
Ainda não consegui a façanha de 'ler' um livro de poesias, em geral apenas coloco o exemplar em cima da mesa e vou lentamente estudando o que houver de conteúdo. Em alguns casos, porém, faço me de besta e fica o pobre livro mais de mês em cima da mesa, sendo coberto, descoberto e soterrado novamente pelo passar incessante das dunas de papelada.

Carla, que hoje está com o humor um tanto alterado, atravessou o meio-dia como um tanque, solavancando indiscriminadamente a parentada no almoço beneficiente que vovó resolveu promover. Eis que surge na sala já bem-humorada, eu lendo as Ubiqüidades do Manél, ela perguntando algo sobre o fim de semana. O assunto correu justamente em volta de que livro escolher. Ela, por ironia do destino, me recomenda "Harry Potter" ! Fujo do assunto com uma escusa mal vestida qualquer e nessa ocasião me surge justamente o livro que gostaria de ler e havia esquecido. Agora descansando um pouquinho dele, antes mesmo de começar, já que li apenas um belo naco da introdução, e o próprio texto (de um tal de Hugh Haughton, que desconheço) me convenceu que é melhor saltar para o livro propriamente dito, de maneira a aproveitar melhor a introdução lendo-a depois de terminado o serviço.


Alice Adventures in Wonderland and Through the Looking Glass.

O exemplar que tenho agora em mãos é a "Centenary Edition", da Penguin classics.  
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