Ideia, muda
Sobre Posts Antigos (...)
terça-feira, outubro 23, 2001

 
Estava ainda agora na casa do Gui, meu vizinho e aluno, tranquilamente dando minha aula. Cheguei em casa a tempo de ver a Célia sair porta afora e minha mãe e Carla já estavam na ginástica. No chão da sala, já devidamenta bagunçada, estava a edição de hoje do Jornal do Brasil.
Confesso que gosto de ler o Jornal do Brasil, já que em vários aspectos ele supera o Globo, e não se pode nem cogitar assinar outro jornal por essas bandas. O JB mingua a cada dia, fato óbvio só de olhar o caderno B, considerado um dos melhores segundos cadernos do país. O caderno B hoje em dia não tem dinheiro nem para pagar mais do que as atuais três tiras de quadrinhos, duas das quais apresentam tiras repetidas a exaustão, no lugar das mais de dez que já teve. De um jornal com uma quantidade 'enxuta' de páginas o caderno B talvez seja ainda a parte mais lida pelo público alvo do JB, a Zona Sul carioca. Por conta disso, os (pouquíssimos) anúncios classificados são as vezes enxertados desavergonhadamente por ali, o que chega a ser constrangedor.
Agora, de todos os factóides, o mais constrangedor é a recente contratação do vilão Gerald Thomas.
Comecei esse texto tentando dizer isso: Acabo de ler a coluna do Gerald Thomas e o sujeito me envergonha, sinceramente.

A mídia já me mostrou como Gerald ficou triste a abalado após a queda do WTC, já vi Gerald servindo limonada para os bombeiros do WTC, já ouvi centenas de depoimentos do Gerald sobre a tragédia no WTC e parece que já é possível comprar nas bancas as fitas de um 'documentário' sobre o ataque ao WTC, fico pasmo, narrado pelo Gerald Thomas !! Mas nada disso é pior do que a coluna senil que o intelectual preferido da garotada anda vomitando nas terças feiras no JB.

A coluna tem o seguinte título :
Mãos à obra na moqueca humana

no miolo lê-se:
"Não quero viver num mundo sem os EUA."
ou então...
"Para onde foram os (taxistas) paquistaneses ? "

E o depoimento vencido desse imbecil termina com:
"Estamos vivendo uma experiência behaviourista de fazer qualquer semiólogo, vivo ou morto, querer estar aqui. É um estado mental agitado, que oscila do nirvânico-zen até a mais profunda irritação, em questão de segundos. São nervos à flor da pele. A Broadway nunca falou sobre isso. A off-off Broadway não fala sobre outra coisa há 40 anos. Chegamos na encruzilhada cultural e essa crise é fundamental na chamada evolução (ou quem sabe, extinção) das espécies."

Como não sou sujeito de jogar bomba ou desejar a morte de ninguém, vou tentar me lembrar de passar longe do B nas terças feiras, pra ver se aciono o meu lado nirvânico-zen . A off-off Broadway que vá pro inferno, pois eu tenho mais o que fazer. Lidarei com a minha facticidade, ele cuide da dele.
 

Eu leio:

Powered by Blogger