![]() | |||
Sobre | Posts Antigos | (...) | |
quinta-feira, janeiro 17, 2002
Penso na sensação de invulnerabilidade que permeia o sujeito quando o mesmo vê, no meio de um temporal, que pisar numa poça d´água com suas botas escuras não vai molhar seus pés cansados. É irônico que a água que desce do céu tão impiedosa se mostre tão inapta à tarefa de reter sua passagem.
Ele caminha firme, encharcado, e com sua mão esquerda segura inconformado um pequeno guarda chuva, daquele automáticos, ainda fechado. A chuva parece ser tão intensa e fustigante quanto sua pressa. Cada passo deixa, por instantes, pegadas profundas donde a água brota como se lá mesmo fosse mesmo sua mina e antes que se inundem deixam na lama a perversa geometria de seu coturno. Depois de marchar por horas na lama, a chuva acaba por diminuir um tanto, suficiente para que se ouça o ruído insistente do mar a chamar o homem. Ele para por uns instantes e olha o pouco de céu que há pra se ver. Uma ou outra estrela aparece entre as nuvens e ele imagina que a lua deve estar em algum lugar por ali. Indisposto a aguardar as vontades da natureza, vasculha um dos bolsos de seu casaco e, sem muita demora, aponta com a lanterna para as pedras. No breu e castigada pela chuva, ela tremia nua, encolhida entre os mariscos.
Comments:
Postar um comentário
|
|||
Eu leio: |