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domingo, junho 16, 2002
Parece que voltar a escrever por aqui está sendo um martírio ainda maior do que eu poderia prever.
Ando sem tempo e mais, com angústias um tanto indecisas. Uns dias atrás, deitado na cama, me veio um pensamento desses que me dão até vontade de levantar, ligar o computador e deixar escrito em algum lugar. No dia seguinte, é claro, acordei sem me lembrar uma palavra sequer do que havia pensado na noite anterior. De todas as palavras não me lembro bem, mas elas, pra variar, acabariam por restringir o significado. Quando escrevo, confesso que me sinto culpado. Sinto-me culpado por aprisionar a Idéia, por significar um pensamento numa escolha quiçá infeliz de palavras. Não é novidade alguma dizer que a culpa é um predicado dos mais escamosos, figurinha fácil em igrejas e tribunais. A culpa é, por definição, inerente à qualquer processo de julgamento. Nesses momentos de silêncio, deitado na cama, me sinto medíocre e, talvez exatamente por me sentir assim, acabo por me julgar culpado de confinar em termos meus pensamentos. Aqui faz-se da liberdade de interpretação a chave plena das coisas. Se ao reler me sinto torpe, ao menos nesses instantes sou inocente. O triste disso tudo é que, de uma forma ou de outra, o julgamento é inevitável. Sem mais preâmbulos. Para a pessoa querida. é verdade, acredita. Te quero bem, mais do que pode imaginar, bem mais do que de fato imagina. Quem quer que seja, essas palavras te pertencem, se nisso ao menos acredita, ou melhor se em algum momento ao menos cogita. Se se sente especial, olhe em sua volta. Ser especial é ser como os outros. Amo-os, todos. Estamos cercados de indivíduos maravilhosos, gente que nem ao menos percebe ou acredita. Gente que não apreende as coisas mais simples, mas cuja ignorância é infinitamente mais bela que a mórbida sapiência de outros tantos. Pare e compreenda um pouco os outros. Se acha que já entende ou conhece bem os que te cercam, olhe um pouco mais para os outros, deve haver algum engano. Ninguém te cerca, na verdade tal coisa nem ao menos existe. Se se sente especial é porque ainda não conhece os outros Conheça-os bem mais do que imagina. conheça-os bem, mais do que acredita. Existem, são únicos, infinitamente belos, dicotomicamente incompreensíveis. Quanto a mim, me estende a mão que basta. Não te entendo, mas se o fizesse estragaria tudo.
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