Ideia, muda
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segunda-feira, março 17, 2003

 
Muitas vezes a violência urbana descontrói muito mais do que a nossa coragem ou o nosso sangue frio. Uma pessoa com o mínimo de consciência, por mais que se esforce para ser indiferente ao que tem acontecido no Rio de Janeiro, acaba sendo vítima do estado geral de pânico.

Tive a prova maior disso neste fim de tarde. Depois de dar minhas aulas, peguei um 572, talvez o mesmo que meses atrás me trazia a eventual alegria de encontrar com o velho sanfoneiro, e fiquei por quarenta minutos parado num engarrafamento que motorista, trocador e passageiros faziam pouca ou nenhuma idéia da causa.
De quebra, o motorista de um carro importado consegue a façanha de amarrotar a porta dele contra a traseira do ônibus numa aparente tentativa de passar por um estreito que nem o carro dele nem carro algum passariam.

Feito o escarcéu, os poucos passageiros do ônibus começaram, cada qual a sua maneira, a dar seu parecer sobre o ocorrido. Alguns, eu entre eles, deixaram o nome e telefone com o trocador, dispostos a eventualmente testemunhar o ocorrido em caso de necessidade. E graças a imprudência alheia, a condução que poucos minutos antes era composta por uma meia dúzia de entediados agora era quase uma alegre reunião de velhos amigos.
O papo, é claro, não tardou a se voltar às causas daquele misterioso engarrafamento...
O tal, para o bem da verdade, não se tratava de nada senão o bom e velho gargalo da Lagoa-Barra, mas o que me ocorreu naquele momento foi justamente o contrário.

Depois da experiência do mês passado, quando passei ao lado da carcaça carbonizada do 410 da São Clemente, inconscientemente eu (e outros malogrados do 572) já estava ponderando uma eventual ação do crime (discutivelmente) organizado da cidade !

Moral da estória: A bandidagem já alcançou seu objetivo, basta um simples engarrafamento para servir-lhes de suplente e já emerge o medo no cidadão comum.
 

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