Sobre o outono em minha cidade:

Atendendo um pedido sensato de uma amiga, me dispus a pensar no outono no Rio e, se coubesse, desfiar-lhe as qualidades. Nunca estive em Paris, o que não me dá o direito ao argumento já usado por Ed Motta, mas não me furto de tê-lo como contracanto do que penso. Mais ainda, toda vez que penso nas estações do ano me lembro do choque que foi senti-las quando estava na Alemanha, uma vez que por lá as estações realmente são intensas, com mudanças notáveis de temperatura e condições gerais do clima. Embora as folhas secas também assolem o Rio, é difícil comparar com a visão de dezenas de árvores nuas em folha nas ruas de Colônia. Cheguei por lá poucos dias antes do início do inverno, o que só me deu chance de ver o outono em resultados, mas não o conheci em andamento.
A estação por aqui começa preguiçosa, mas tem lá suas surpresas. O carioca, que só dá atenção mesmo ao início do verão, acaba que só nota a a melancolia lá por meados de Abril.

Em 14 de Abril de 2001, escrevi aqui um texto longo sobre a estação, que começava assim:


a queda lenta
suave
doce
mística
das folhas secas

é no mais
de tudo em si
intrínseca


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Concluo: É tempo de mudança, de espera. Tempo de ver as cores mais do que de pintá-las. A estação move e muda por si só o que é preciso. Até o final do outono, tenho certeza, muito há de acontecer e, enquanto isso, vale a pena curtir o processo em cada folha.
 
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